O mundo dos sentidos

Nestes dias, tem-me mais sentido que nunca a teoria da minha amada amiga Concha, de que as pessoas nos estamos a converter em seres individualistas que se movem sempre por interesse e nunca por sentimento. 


O mundo dos sentidos.

A intuição, por exemplo; ainda hoje se fala da intuição feminina como se for algo que depende da menstruação. Aquilo que nos leva a querer acercarmos ou separarmos de outra pessoa ou situação sem motivo aparente, aquilo que nos condiciona na hora de relacionar-nos; esse sentido tão profundo que não escutamos nunca porque com o passo dos anos, sabemos que se formam estratos na corteza que separam cada vez mais o núcleo da superfície. Hora bem, quando não há nenhum interes em aprofundar, a intuição é algo que incomoda um bocado, mas não magoa.

O desejo; ainda que este sentimento não fique debaluado nunca por as suas conotações carnais do tipo, luxuria, gula ou avaricia. Certo que sofreu uma mutação passando de ser algo natural, e pleno, a ser uma depravação. Desejar desata um sentimento de culpa que provoca falta de comunicação entre as pessoas e fomenta a censura do mesmo. Ao final, acabamos masturbando as nossas mentes ao mesmo tempo que os nossos corpos. 

O amor; que grande o amor!. O mais popular, mas, que sabemos do amor?. Não podemos falar de amor num momento no que os indivíduos se amam tanto a si mesmos ( Concordo em que esse é o amor mais grande mas também o que mais nos cega ), que não som capazes de percebe-lo noutras pessoas. O certo é que hoje, todos estamos tão preocupados por o que se passa arredor de nos, que não queremos ver o que mora dentro para não permitir que a intuição tome o controlo, nos abra as portas do desejo de experimentar, e descubramos que se pode dar e receber amor sem esperar nada mais do que isso. 

Si somos quem de falar dos sentimentos com tanta retórica, porque não deixar-nos guiar por eles? 

Assombra-me a capacidade que tem o meu gato de perceber que necessito de afecto, assombra-me que sinta desejo por dar e receber de mim, assombra-me que me ame mesmo sendo ele gato e eu ente mecânico.


Obrigada pequena, por recordar-me que não quero ser mecânico.

Belém de Andrade ( Ourense, Galiza )

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