Amando vári@s

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Daniel Cardoso apresenta a sua tese de Mestrado "Amando vári@s - Individualização, Redes, Ética e Poliamor" no próximo dia 12 de Janeiro, às 15h, na sala T1 da FCSH - Universidade Nova de Lisboa.

Como se pode ler no abstract:

«Esta tese tem como objectivo principal determinar se os utilizadores da mailing list alt.polyamory, ao verterem as suas experiências pessoais em texto, estão ou não a incidir em práticas queer de questionamento da normativização monogâmica e heterocêntrica, agindo como agentes auto-reflexivos que procuram cuidar de si (gnothi seauton) através da escrita (etopoiética) e leitura de si, ao invés de serem motivados pela tecnologia confessional; se, por analogia, o poliamor pode ser considerada como uma identidade queer. Dado que o poliamor é uma iteração da relação pura de Giddens, os desafios e contradições que apresenta colocam desafios específicos aos sujeitos, e necessitam de ser interpretados à luz das interacções entre dispositivo de aliança e de sexualidade. Recorreu-se também à elaboração teórica sobre a natureza das comunidades virtuais contemporâneas para contextualizar a recolha de dados. Para obter uma resposta, analisaram-se as trocas de emails iniciadas por utilizadores recém-chegados durante o ano de 2009, utilizando análise estatística, análise de conteúdo e análise de discurso. Os resultados apontam para uma diferenciação entre o grupo de recém-chegados e o grupo nuclear da mailing list, sendo que só os últimos mantêm, na lista, práticas potencialmente não-hegemónicas de subjectivação. O poliamor é então identificado como sendo, mais do que uma prática sexual, um posicionamento moral que envolve profundamente o sujeito na sua produção de si, e onde a parrhēsia (franqueza) é o principal elemento avaliativo da moralidade do sujeito poliamoroso. Esta parrhēsia é fundamental para a manutenção da autonomia do Eu, pelo que ela é oferecida mas também exigida do Outro; a equidade da relação de alteridade é fundamental para o sujeito que, sem o Outro, não se pode constituir como tal. Se tudo isto permite ao indivíduo questionar o horizonte de possibilidades daquilo que o constitui como sujeito, abre também a porta a uma possível hegemonização desta moral para todas as relações de intimidade.»

Todos os interessados no tema - académicos e leigos - são bem vindos!


Nota Bene - A mensagem na t-shirt pretende ser uma mot-d'esprit em reacção à ofensiva de grupos religiosos norte americanos contra a comunidade poliamor. Por outro lado, chama a atenção para a questão gramatical e etimológica. O mundo contemporâneo, em constante mutação, tem tido uma crescente necessidade de produzir conceitos sem que, por vezes, haja uma reflexão demorada e segura na produção de novas terminologias surgindo híbridos que somam prefixos e sufixos gregos e latinos escolhidos mais pela sua sonoridade do que pelo rigor semântico. É o caso de "poliamor", "homossexual" ou mesmo "televisão".

Poderá adquirir a sua aqui.

"Os Portugueses já têm Corpo"

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Identidade, Sexo e Género do ser Português - um artigo da Ípsilon aqui.