Cibersexo
a minha amiga Gigi Lelo
Ela não poupa na forma como se apresenta e causa realmente boa impressão, mas o mais importante é a eficácia. Uma textura muito suave reveste-lhe o corpo duro. Vários modos de vibração, de intensidade regulável. O primeiro, sempre vibrante e três modos intermitentes, cada um mais rápido que o outro e o modo ondulante, que vai crescendo de intensidade até ao máximo e volta ao início. Não é difícil conseguir a cadência pretendida, mas seria ainda mais fácil se os controlos fossem um pouco mais salientes, para poder comandar apenas com o tacto.
As suas curvas arredondadas fazem dela uma excelente massagista para todo o corpo. Apesar da marca a classificar como produto da linha feminina, não vejo razão para que ela não possa ser amiga de um homem, já que o seu design permite facilmente estimular a próstata. Sobre o ponto G, o estímulo é preciso, ajustável ao milímetro. A superfície plana da ponta faz realmente a diferença.
Poder combiná-la com companhia humana e/ou outros brinquedos. Colocar a cabeça vibrante no clítoris expectante ou à entrada do ânus ávido de prazer enquanto acontece a penetração. É também muito boa na dupla penetração, contagiando ambos os corpos com a sua vibração. Combiná-la com criatividade e imaginação.
Poder demorar-me. Com ela, não há urgência a não ser que eu queira. A cómoda bateria recarregável permite descontrair e saborear a vibração contagiante até ela adormecer cá dentro.
É mais pequena do que eu tinha imaginado, mas não precisa de ser maior, adapta-se perfeitamente à anatomia do corpo, e mantém-se no sítio sem ajuda das mãos, mesmo com os músculos contraídos, permitindo uma vasta liberdade de movimentos ao encontro do prazer.
Muito simpática esta Gigi, entusiasmante. Diria mesmo apaixonante…
Vadias
O crepúsculo do ilícito
Tu, de tetas escorridas,
Com toda a tua calma,
A tua roupa interior manchada de nódoas, os teus
Braços caídos.
E esses teus dedos saciados pendendo
Da palma das mãos.
Os teus joelhos um para cada lado
São como duas esferas pesadas;
As rodelas sobre os teus olhos parecem
Vagens de lágrimas;
Presas às tuas orelhas,
Duas enormes argolas de ouro, horríveis.
O teu cabelo sem vida, espalmado numa trança
À volta da cabeça.
Os teus lábios, alongados por palavras sábias
Mas nunca ditas.
E na vida que vives, já o esgar
Dos mortos.
Vêem-te sentada ao sol,
Adormecida;
Lembrando a suave graça que costumavas ter
E não conservaste,
Lamentam como em ti estão sepultados
Os altares da luxúria. (…)
Enquanto as outras definham na virtude,
Tu foste vida.
Ver-te-emos a olhar o sol
Por mais alguns anos,
Tendo sobre os olhos rodelas que parecem
Vagens de lágrimas;
E duas enormes argolas de ouro, horríveis,
Presas às orelhas.
Djuna Barnes, in O Livro das Mulheres Repulsivas, ed. &ETC, 2007
Djuna Barnes (1892 - 1982) nasceu em 1892, em Cornwall-on-Hudson, Nova Iorque. Desde cedo, começou a publicar artigos de imprensa, com um cunho muito pessoal e totalmente alheios à chapa do convencional. Haveria de escrever para a Vanity Fair, a Charm e The New Yorker. Foi, aliás, na qualidade de jornalista, que – depois de ter passado por Nova Iorque – rumou a Paris, mesmo a tempo da tempestade modernista. Regressada à América, levaria uma vida de reclusão voluntária, no seu exíguo apartamento de Greenwich Village. Viria a morrer em 1982. Na sua obra avultam não só a poesia, mas também o teatro e a ficção, na qual merece destaque o romance Nightwood (que Eliot prefaciou), de 1936.
Foi, todavia, ainda em Nova Iorque que, em 1915, D.B. publicou o opúsculo que a & etc agora apresenta sob o título O Livro das Mulheres Repulsivas e traduzidos por Fernanda Borges. Trata-se de um breve conjunto de oito poemas acompanhados de cinco desenhos. São retratos de mulheres – a primeira das quais é a mãe da poeta –, marcados por uma dolorosa e sensual carnalidade, que avulta, conturbada, nos versos de Djuna Barnes – «Vemos os teus braços humedecerem/ Ao calor da paixão;/ Vemos a tua blusa húmida/ A palpitar ao ritmo/ Dos corações ardentes que ressumam aos teus pés.» (p.27) Há um sensualismo desassossegado, nestes versos: não pára no louvor, antes se afunda na queda anunciada, várias vezes encenada e exorcizada – «Cai trôpega na rima,/ Resvalando do ponto da virtude/ Para o do crime// Agora tem os lábios murchos como antes foram vivazes/ Na juventude» (p.43).
A escrita de The Book of Repulsive Women cruza os ambientes e cambiantes finisseculares com a sensibilidade moderna que animava o universo criativo da autora e cujo vendaval avassalaria o mundo artístico de então. Nos seus poemas cruzam-se os motivos típicos do decadentismo fin de siècle – «Com as pernas quase estranguladas/ Nas tuas rendas, continuarias/ Nas bocas do mundo até à loucura/ Gravada no teu rosto.» (p.25) – crivado já por um espírito do tempo que desmancha esses rodízios – «Agora ela caminha com seu andar bamboleante/ Ao lado do lixo da rua,/ Enrola-se sob um lençol sujo/ Algures na cidade.» (p.35) Parece-me que essa saída, esse percurso porta fora, que o poema leva a cabo, de certa forma – se calhar demasiado simbolicamente; se calhar, sou eu a ver mal –, marca um passo em direcção à modernidade. Lorca deambulou por Nova Iorque, com os seus poemas (cf. O Poeta em Nova Iorque); Eliot flanou pelas ruas da cidade (cf. Pruffrock), descendente hipercivilizado, sobrecarregado, de Baudelaire, que iniciara o passeio convulso. E assim fazem os que, hoje, não entendem que não podem ser já assim, os que continuam, em vão, a passeata, já derreadas as solas poéticas e os olhares enviesados dos poemazinhos.
(Hugo Santos, respigado do blog Rascunho)
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Djuna Barnes
Sessão de poesia. Por Nuno Meireles e Júlio Gomes
Domingo, dia 14 de Dezembro, 18h
Gato Vadio, rua do rosário 281 Porto
Resultados da sondagem sobre a frequência do sexo
+ do que 1 vez por dia | 0 (0%) |
todos os dias | 0 (0%) |
2 a 3 vezes por semana | 9 (64%) |
1 vez por semana | 0 (0%) |
2 a 3 vezes por mês | 1 (7%) |
1 vez por mês | 0 (0%) |
ocasionalmente | 3 (21%) |
não faço há + de 6 meses | 0 (0%) |
não faço há + de 1 ano | 0 (0%) |
não faço há + de 2 anos | 0 (0%) |
não faço há + de 5 anos | 0 (0%) |
nunca fiz | 1 (7%) |
Votos apurados: 14
Sondagem fechada
dança ma mi
. ..!
Bob, da Lelo
pequenas mortes e renascimentos
Beautiful Agony is dedicated to the beauty of human orgasm. This may be the most erotic thing you have ever seen, yet the only nudity it contains is from the neck up. That's where people are truly naked.