Sexos, guerras e identidade

Não foi só durante os anos 60 que assumir a sexualidade era um acto político. Para gerações de feministas e de activistas dos direitos LGBT, a sexualidade foi sempre um componente essencial da identidade pessoal e colectiva, um terreno de exercício de liberdades e direitos, um aspecto do quotidiano que necessita de se emancipar de preconceitos e moralismos. Ser livre sexualmente não é ser libertino nem é ser conservador, não é ser poliamoroso nem defender a virgindade até ao casamento, não é ser-se uma coisa por oposição a uma outra, de valor civilizacional inferior. É poder exercer o eu, de acordo com o que se é, intimamente, poder estabelecer que horizontes são desejáveis, que princípios são importantes. Agora que muitas constituições salvaguardam a igualdade de direitos das mulheres em relação aos homens, dos homossexuais em relação aos heterossexuais, é evidente que da teoria (em que cada um vive de acordo com o que deseja para si e ninguém tem o direito de impor as suas ideias aos outros) à prática, vai uma distância que é forçoso percorrer.

O sexUtopia surge em 2008, altura em que os netos dos homens e mulheres que fizeram a revolução cultural e sexual dos anos 60 já são crescidos. Serão estas novas gerações a ensinar-nos o que fracassou, serão estes netos da revolução, que não conheceram o mundo sem SIDA, os portadores inevitáveis da esperança que neles conseguirmos depositar. Há algo que já não admitimos que nos seja retirado. A liberdade de falarmos sobre os assuntos que escolhermos. E aqui vai-se falar de sexo, de pessoas e relações, do desejo e do prazer, do corpo.

1 comentários :: Sexos, guerras e identidade

  1. Ca estaremos..:)